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"A revolta, tal e qual pensada e vivida por aqueles que a realizam, não é nada mais do que fazer a política transitar pelo corpo. Estende a política, lhe dá vida e densidade, libera as sensações habitualmente contidas; abre e fende a política"

(Romain Huët)

Em dias intelectualmente miseráveis como os nossos, em que à direita se repete o odioso mantra de Tatcher - there is no alternative (não há alternativa) – e à esquerda se aceita sem grande choque ou consternação que as esquerdas, de certa forma, morreram, Garau demonstra, em Anatomia da revolta - temporalidade e destituição, que ser de esquerda é muito mais do que uma afiliação partidária ou certa vaga simpatia pelo que se chama, de maneira meio ridícula, de “setor progressista”.

Pertencer ao campo político da esquerda radical trata-se de uma experiência muito mais potente, uma forma-de-vida que, sendo comum e mutante, transmuta a si e ao tempo, abrindo-se para o perigo de uma existência sem fundamentos e destituinte.


É assim que os ensaios contidos em Anatomia da revolta - temporalidade e destituição, nos quais o autor debate com grandes nomes da filosofia sem qualquer servilismo - Marx, Benjamin, Blanchot, Agamben, Comitê Invisível, etc -, traçam uma rigorosa contra-história das experiências revolucionárias de ontem para apontar a necessidade de superá-las. Por mais importantes que tenham sido, essas experiências não devem ser encaradas como planos objetivos a serem repetidos.

Trata-se não de lamentar a "morte da esquerda", mas aproveitá-la para resgatar experiências bem mais radicais do que as partidárias e que sejam capazes de dialogar diretamente com as condições atuais de suposta inultrapassabilidade do capitalismo.

Anatomia da revolta - temporalidade e destituição nos apresenta um rico afresco em que compreendemos que só é possível viver um tempo da revolução quando se revoluciona o tempo e, experimentando-o em nós mesmos, nos abrimos não para o evento grandiloquente e canônico que se espera de forma quase religiosa, e sim para múltiplas, descontínuas e vitais revoltas.

 

Título Anatomia da revolta

Subtítulo Temporalidade e Destituição

Autoria Michele Garau

 

Coordenação editorial | sobinfluencia Fabiana Vieira Gibim, Rodrigo Corrêa e Alex Peguinelli

Coordenação editorial | Luciole

Tradução Andityas Matos

Preparação Alex Peguinelli

Revisão Lígia Marinho & Victor Garofano 

Capa & Projeto gráfico Rodrigo Corrêa

 

Ano março de 2024

Páginas 160

Tipo Brochura/Lombada

 

ISBN 9786584744400