Crítico ácido e de estilo afiado, em Os bons ressentimentos, Elgas não poupa nem o conforto das academias ocidentais, nem a retórica de parte das elites africanas. Desmonta o espetáculo midiático do decolonialismo quando este se converte em rótulo, e repensa o legado de figuras como Cheikh Anta Diop, Frantz Fanon, Senghor e Yambo Ouologuem. É nesse embate, sempre polêmico e provocador, que sua escrita ganha densidade: não há concessões, apenas a busca obstinada por um espaço de pensamento que permaneça incolonizável.
Contrariando todas as teses comumente estabelecidas, o livro percorre mais de meio século de história das ideias e de textos fundadores da África, apontando as excomunhões, denunciando o sequestro de todo o debate plural e o desvio do processo de descolonização.
Os povos que resistiram aos assaltos de armadores e bandidos não são decoloniais, não, eles disseram não! Com suas sortes e azares. Essa luta natural e espontânea, para preservar o que é caro, não pode ser alienada pelo paradigma decolonial que, por sua vez, supõe inconscientemente a vitória da subversão. A decolonização admite tacitamente o sucesso da empreitada colonial, atribuindo a esta um domínio fundamental, uma totalidade e, ao subordinar a libertação a uma forma de sair desse esquema, corre atrás de uma ilusão, uma sombra. [...] Ao observar o longo período da História dos povos e das sociedades africanas, seus patrimônios, suas memórias, seus impérios e seus sistemas políticos, há uma barreira, uma fronteira para a introdução de ideias exógenas. É a fortaleza da incoloniabilidade dos povos.
Título Os bons ressentimentos
Autoria Elgas
Coordenação editorial | sobinfluencia Fabiana Vieira Gibim, Rodrigo Corrêa e Alex Peguinelli
Tradução Diogo Cardoso
Preparação Alex Peguinelli & Mariana Bercht Ruy
Revisão Gabriela Mekhitarian
Capa Rodrigo Corrêa
Diagramação Pedro Botton/Estúdio Arquivo
Ano setembro de 2025
Páginas 264
Tipo Brochura/Lombada
ISBN 978-65-84744-58-5
