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Por sobinfluencia


para além da biopolítica: a biopotência

Colagem por Fabiana Gibim

Neste post, reproduzimos um curto e potente trecho do prólogo à obra “Para Além da Biopolítica”, de Andityas Soares de Moura Costa Matos e Francis García Collado. Contribuição original aos debates sobre biopolítica, o livro articula os pensamentos de pensadores como Michel Foucault, Giorgio Agamben, Roberto Esposito e Michael Hard & Antonio Negri levando em conta condições políticas, jurídicas, econômicas e culturais contemporâneas que ultrapassam a possibilidade de sua síntese como sociedades disciplinares, de controle, do consumo ou do espetáculo. Partindo do amálgama complexo criado pelo neoliberalismo, os autores desenvolvem o conceito de biopotência como ferramenta de desativação da bio- tanato- e necropolíticas, permitindo a emergência da potência de vida em todo seu excesso resistente à sua domesticação.

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Apesar de ser difícil definir a biopolítica, ela pode ser entendida enquanto um tipo de gestão política exercida diretamente sobre a vida biológica, sem mediações. Na biopolítica o ser humano é visto enquanto uma máquina produtiva, tanto no nível individual como no coletivo. Ainda que existam conotações positivas para a ideia de biopolítica, ela quase sempre diz respeito a dispositivos neoliberais de disciplina e controle dos corpos individuais e populacionais, tais como a escola, a prisão, o hospital, o celular, a televisão etc, envolvendo discussões que vão desde o direito ao aborto até à criogenia, à vacinação obrigatória, ao controle das pandemias e muitos outros temas. Já a biopotência encarna a vida a partir de uma perspectiva impessoal, múltipla e mutante, entendendo-a como um fluxo que passa entre todos os seres viventes. Longe de se preocupar com controle e produtividade, o pensar da potência é necessariamente herético diante das verdades e certezas já dadas, pois abre alternativas imprevistas pelos discursos oficiais de normalização. A potência é particularmente potente quando falamos de corpos e de vida. De fato, nada há de mais moldável, nada há de mais dinâmico que um corpo vivo, por mais que os poderes e os saberes constituídos queiram nos convencer do contrário. O corpo é o lugar por excelência da potência, pois ele abriga esse indeterminado chamado vida, ou seja, essa capacidade que temos de nos pormos e depormos ininterruptamente. É a partir dessa constatação que pode nascer uma filosofia da biopotência.

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